O transplante de linfonodos representa um avanço cirúrgico oferecendo nova possibilidade de tratamento direcionada especialmente para pacientes que sofrem com o linfedema, uma condição crônica causada por um comprometimento do sistema linfático. Esse distúrbio afeta a capacidade do corpo de drenar a linfa, ocasionando inchaço persistente e progressivo, principalmente nos braços e pernas.
A cirurgia propõe transplantar linfonodos saudáveis de uma área do corpo para a região afetada pelo linfedema. Isso permite melhorar a drenagem e aliviar o acúmulo de líquido da região.
Explore mais sobre o transplante de linfonodos e como ele pode restaurar sua qualidade de vida.
Quem pode se beneficiar do transplante de linfonodos?
Essa técnica cirúrgica é indicada para pacientes com linfedema, normalmente em estágios mais avançados, em que não foi possível realizar a Anastomose Linfovenosa ou nos casos em que ela foi ineficaz.
Além disso, em alguns casos de tratamento de câncer em que há a necessidade de realizar a ressecção dos linfonodos de uma certa região (axila ou região inguinal, por exemplo), o transplante de linfonodos pode ser feito de maneira profilática na tentativa de prevenir um linfedema futuro no membro associado.
As pacientes com câncer de mama, por exemplo, que passaram por mastectomia e esvaziamento linfonodal axilar são frequentemente candidatas ao procedimento. Nesses casos a reconstrução de mama pode ser realizada com o tecido do abdome (retalho microcirúrgico DIEP) no mesmo tempo em que o transplante de linfonodos da região inguinal é realizado para axila.
Como funciona o transplante de linfonodos?
Linfonodos saudáveis são cuidadosamente selecionados e removidos de uma área não afetada do corpo do paciente e são transplantados para a região comprometida pelo linfedema, com o intuito de estabelecer novas rotas para o escoamento do líquido linfático.
Esses linfonodos atuam como “esponjas naturais”, ajudando a absorver e drenar os líquidos que se acumulam nos tecidos para o sistema venoso, reduzindo assim o inchaço do membro afetado.
Para garantir o sucesso da cirurgia, o cirurgião utiliza técnicas de microcirurgia para conectar os vasos dos linfonodos transplantados aos vasos do local acometido. Esse processo permite que os novos linfonodos comecem a funcionar como parte do sistema linfático da região, promovendo o alívio do inchaço e prevenindo complicações futuras.
Principais exames antes da cirurgia
Antes de realizar o transplante de linfonodos, o paciente passa por uma série de exames de imagem para avaliar o estado do sistema linfático e determinar a melhor abordagem cirúrgica.
Dentre os exames mais comuns estão a Linfocintilografia, a Linfografia em Tempo Real com Indocianina Verde e a Ressonância Nuclear Magnética Linfática. Esses exames ajudam a identificar as áreas onde há maior comprometimento do fluxo linfático e também auxiliam o cirurgião a mapear a localização dos linfonodos que serão transplantados.
Principais cuidados durante o transplante de linfonodos
Um dos aspectos mais importantes desse transplante é garantir que a remoção dos linfonodos da região doadora seja realizada com o máximo de cautela, evitando a remoção inadvertida de linfonodos o que poderia causar linfedema em uma região saudável.
Dessa forma, é importante realizar o mapeamento reverso da área doadora, com exames de imagem específicos, identificando os linfonodos que não devem ser retirados da área doadora para não acometer um membro saudável. Sempre que possível, utilizamos os linfonodos localizados próximos a curvatura gástrica maior (estômago) pois não há problemas de linfedema dessa área doadora.
A cirurgia deve ser realizada por um cirurgião especializado em linfedema e microcirurgia, garantindo a segurança do paciente e a efetividade do procedimento.
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Quais os benefícios do transplante de linfonodos?
Podemos destacar quatro principais benefícios, que podem ou não ocorrer a depender da gravidade e estágio de cada caso, são eles:
- Diminuição do inchaço e do volume do membro afetado;
- Diminuição dos sintomas relacionados a doença como a sensação de peso no membro afetado;
- Redução do número de infecções de pele como a erisipela ou celulite, que em muitos casos avançados de linfedema são recorrentes inclusive necessitando de internações hospitalares
- Diminuição do uso das malhas compressivas a longo prazo em alguns casos específicos
Consequentemente haverá melhora da qualidade de vida quando um ou mais de um benefício é atingido, pois os pacientes experimentarão maior mobilidade e menos desconforto na área acometida pela doença o que acarretará maior conforto nas atividades diárias.
Quais os riscos do transplante de linfonodos?
Embora o transplante de linfonodos seja uma técnica promissora e eficaz para o tratamento do linfedema, é importante considerar que, como qualquer procedimento cirúrgico, existem riscos. Entre os riscos estão:
- Infecção no local da cirurgia;
- Deiscência de ferida operatória;
- Perda dos linfonodos transplantados;
- Linfedema na área doadora.
Por isso, é fundamental que a cirurgia seja realizada por um especialista com experiência em procedimentos de microcirurgia linfática.
Do pós-operatório a recuperação
Após o transplante de linfonodos, o paciente deve seguir um protocolo de cuidados específicos para garantir o sucesso da cirurgia. Diferentemente da linfoveno anastomose, o transplante de linfonodos é um procedimento que requer um tempo de internação um pouco mais prolongado (por volta de 05 dias) sendo que a compressão elástica, como meias ou braçadeiras, é iniciada apenas a partir de 3 semanas de pós-operatório. Além disso, sessões de fisioterapia e drenagem linfática manual são indicadas para otimizar a recuperação e melhorar os resultados a longo prazo.
Sabe-se hoje que a melhora do linfedema é gradual e progressiva, sendo que alguns estudos mostram melhora do quadro mesmo após 02 anos do procedimento cirúrgico. Portanto, nos primeiros meses após a cirurgia, é comum que o paciente ainda experimente algum grau de inchaço, mas com o tempo, a tendência é que o inchaço e os sintomas diminuam.
Quais são os resultados esperados?
Os resultados do transplante de linfonodos podem variar de acordo com o estágio do linfedema e as características individuais do paciente. Em muitos casos, há uma melhora do inchaço e dos sintomas, diminuição ou até mesmo resolução dos quadros de infecção recorrente e consequentemente melhora na função do membro afetado.
No entanto, é importante que os pacientes compreendam que o transplante de linfonodos não é uma cura definitiva para o linfedema, mas sim uma forma de controlar a progressão da doença e melhorar a condição de saúde.
Existe alternativas ao transplante de linfonodos?
Em alguns casos, o transplante de linfonodos pode não ser a única opção. Existem alternativas cirúrgicas, como a Anastomose Linfovenosa, uma técnica que conecta os vasos linfáticos aos vasos venosos, permitindo a drenagem direta do líquido linfático para o sistema venoso. Outra opção é a lipoaspiração, indicada em casos de linfedema avançado com liposubstituição e fibrose.
Essas alternativas devem ser discutidas com o cirurgião, que avaliará o melhor tratamento de acordo com a condição do paciente.
O transplante de linfonodos representa uma solução promissora para pacientes com linfedema avançado, proporcionando alívio dos sintomas e melhorando a qualidade de vida. Com o avanço das técnicas de microcirurgia, os resultados têm se mostrado cada vez mais eficazes.
Para saber mais sobre o tema acesse nossos textos sobre, cirurgia de linfedema e tratamentos para linfedema.
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